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Pontos-chave
Otimismo, ganância, medo e pânico, enraizados em processos neurológicos, moldam o sentimento do mercado e estão diretamente relacionados às tendências de alta e baixa.
Fatores psicológicos como FOMO, aversão a perdas e dissonância cognitiva muitas vezes fazem traders e investidores tomarem decisões irracionais.
As plataformas sociais podem amplificar ainda mais as oscilações emocionais, enquanto os neurônios-espelho contribuem para comportamentos coletivos, instinto de rebanho e trading especulativo.
Introdução
Warren Buffett disse: “O mercado é um mecanismo para transferir dinheiro do impaciente para o paciente.” Essa simples afirmação destaca o quanto as emoções e a psicologia influenciam o comportamento do mercado. No centro dessa ideia está a psicologia de mercado, um conceito importante em economia comportamental que explora como as emoções coletivas dos participantes do mercado moldam os mercados financeiros. Mas e a neurobiologia por trás da psicologia de mercado em si?
A neurociência mostra que nosso cérebro é menos racional do que imaginamos, principalmente quando se trata de dinheiro. Emoções, vieses cognitivos e processos psicológicos muitas vezes direcionam nossas decisões financeiras de maneiras que talvez nem percebamos.
Por exemplo, a amígdala cerebral é responsável por processar o medo e desencadeia respostas de luta ou fuga. Ela pode nos levar a tomar decisões impulsivas durante quedas no mercado. Por outro lado, o córtex pré-frontal ventromedial, que avalia recompensas, pode alimentar o excesso de confiança durante tendências de alta.
Esses mecanismos cerebrais, embora essenciais para a sobrevivência, muitas vezes nos levam a agir impulsivamente e não racionalmente quando se trata de trading e investimentos.
Como a psicologia impulsiona os ciclos de mercado
Tendência de alta
O otimismo é difundido durante um mercado em alta (bull market). A alta dos preços gera empolgação e a neurobiologia nos diz que isso ativa o sistema de recompensas do cérebro, liberando o neurotransmissor dopamina.
Emoções como FOMO (medo de ficar de fora) tendem a amplificar essa tendência. O sentimento de FOMO provém dos mecanismos de recompensa social do cérebro, já que somos naturalmente impulsionados a buscar pertencimento e evitar oportunidades perdidas. Redes sociais como X e Reddit agravam esse efeito ao destacar histórias de lucros extraordinários, encorajando outros a comprar ativos sem compreender totalmente os riscos.
Dogecoin, Shiba Inu e, mais recentemente, as meme coins TRUMP e MELANIA, são exemplos claros disso. O preço dessas criptomoedas costuma ser movido pelo hype especulativo e por tendências virais, em vez de valor intrínseco. Muitos traders acabam se deixando levar pela euforia e ignoram sinais de alerta, como a supervalorização e o crescimento insustentável.
Vários processos neurobiológicos contribuem para criar esse otimismo exagerado, o que pode levar a bolhas financeiras, fazendo os preços dispararem muito além do valor real do ativo. Quando a bolha estoura, o mercado entra em uma tendência de baixa, muitas vezes desencadeando uma onda de emoções negativas.
Tendência de baixa
Quando o mercado se inverte, o otimismo dá lugar aos sentimentos de negação e medo. A amígdala cerebral, responsável por processar o medo, assume o controle e pode levar a reações instintivas, como a venda em pânico. Do ponto de vista neurológico, esse medo é intensificado pelo viés da aversão à perda, que faz com que as perdas pareçam muito mais dolorosas do que ganhos equivalentes pareçam gratificantes.
À medida que os preços continuam caindo, o medo se transforma em pânico, levando à capitulação, um ponto em que os investidores vendem seus holdings em massa, muitas vezes com perdas significativas. Esse comportamento é particularmente evidente durante os mercados de baixa, como visto nas fortes correções do Bitcoin durante o ciclo de mercado de 2022.
O mercado tende a se estabilizar quando o pessimismo atinge seu ápice, dando início a uma fase de acumulação, em que os preços se movem lateralmente. Neste ponto, alguns investidores podem retornar cautelosamente ao mercado, movidos por sentimentos renovados de esperança e otimismo.
A neurobiologia por trás da psicologia de mercado
Uma série de processos neurológicos complexos molda a psicologia por trás das tendências de mercado. Um desses processos é a via de recompensa, que consiste em vários neurotransmissores e estruturas cerebrais.
O principal neurotransmissor associado a recompensas e prazer é a dopamina. Quando você é exposto a um estímulo gratificante, seu cérebro responde liberando mais dopamina. Isso é normalmente visto durante mercados em alta, onde as vias dopaminérgicas do cérebro são ativadas pela antecipação de recompensas financeiras, criando assim um ciclo de feedback.
A dopamina é sintetizada principalmente na substancia negra e na área tegmental ventral. Como visto acima, existem múltiplas vias da dopamina através das quais ela viaja para diferentes regiões do cérebro.
A via mais associada à psicologia de mercado é a via mesolímbica. Ela liga a área tegmental ventral ao sistema límbico, que inclui a amígdala cerebral. Essa via é fundamental para as experiências de prazer e recompensa. Quando há a expectativa de um ganho financeiro, a dopamina é liberada nessa via, aumentando a motivação e a sensação de satisfação.
A amígdala é a principal estrutura responsável por processar emoções como medo e ansiedade. Em mercados de baixa, seu papel é tão relevante quanto o das vias dopaminérgicas em mercados de alta. Normalmente um mecanismo de sobrevivência, a resposta de luta ou fuga, no contexto financeiro, pode levar a decisões impulsivas, muitas vezes resultando em perdas.
Embora o medo e a ansiedade desencadeados na amígdala possam distorcer os processos de tomada de decisão e resultar em decisões impulsivas como vendas em pânico, a dissonância cognitiva também pode influenciar os investidores a ter uma postura de negação, mantendo seus ativos (holding) na expectativa de que o mercado se recupere.
A dissonância cognitiva ocorre quando as crenças dos traders sobre o mercado entram em conflito com a realidade. Esse fenômeno está ligado ao córtex pré-frontal, que regula funções cognitivas avançadas, e ao sistema límbico, que envolve a amígdala e o hipocampo.
Outro aspecto interessante da neurobiologia que pode influenciar a psicologia de mercado são os neurônios-espelho. Esses neurônios estão presentes em várias áreas do cérebro, incluindo o córtex pré-motor, a área motora suplementar, o lobo parietal, e o lobo parietal inferior. Os neurônios-espelho são acionados tanto quando uma pessoa executa uma ação quanto ao observar alguém realizando uma ação semelhante.
Essencialmente, os neurônios-espelho nos fazem sentir, de forma indireta, as emoções e ações dos outros. Eles estão ligados à empatia e à influência social. Ver outros traders obtendo sucesso pode ativar esses neurônios e estimular a imitação, que pode desempenhar um papel importante no instinto de manada.
Meme coin TRUMP: um estudo de caso
1. Crescimento rápido e as vias dopaminérgicas
É bem provável que o crescimento explosivo da meme coin de Trump no lançamento tenha sido influenciado pelo sistema de recompensas do cérebro. Fatores como a clara conexão com Donald Trump, uma figura amplamente reconhecida de riqueza, e a cobertura significativa da mídia em torno da moeda provavelmente contribuíram para sua alta inicial.
O FOMO e a expectativa de ganhos potenciais também foram fatores determinantes. Essa alta inicial provavelmente ativou as vias dopaminérgicas dos traders, liberando dopamina na expectativa de recompensas financeiras e, assim, criando um ciclo de excitação e especulação. Essa fase também é conhecida como o estágio de euforia , em que o otimismo e a empolgação impulsionam um aumento de preço.
2. Instinto de manada e neurônios-espelho
Como discutido anteriormente, os neurônios-espelho têm um papel importante no instinto de manada e, portanto, na psicologia do mercado. O crescimento acelerado da moeda pode ilustrar esse fenômeno, já que muitos investidores, influenciados pelas emoções e pelo aparente sucesso de outros, tomam decisões com base no sentimento coletivo, em vez de uma análise racional e independente. No caso do TRUMP:
Cultura dos memes: . o impacto viral dos memes e as atividades nas redes sociais impulsionaram a adesão à tendência. Os neurônios-espelho podem ter intensificado o entusiasmo entre traders e investidores.
Engajamento político e da base de fãs: os apoiadores políticos e a base de fãs de Trump impulsionaram ainda mais a visibilidade e a adoção da moeda. Um sentimento de mercado otimista se espalha rapidamente através dessas interações sociais.
Isso destaca como o instinto de manada, impulsionado pelos neurônios-espelho e reforçado fatores sociais como a cultura dos memes e o engajamento dos fãs, pode influenciar o comportamento do mercado.
3. Volatilidade, venda em pânico e a amígdala
Após seu pico inicial, como a maioria das meme coins, TRUMP também apresentou alta volatilidade e quedas acentuadas de preços. Nessa fase, muitos traders apresentam sentimentos de negação, medo e ansiedade.
A dissonância cognitiva pode fazer com que muitos mantenham seus ativos, mesmo diante da queda do mercado, na esperança de uma recuperação rápida ou devido à confiança em uma figura específica. Esse conflito entre realidade e crença pessoal pode resultar em decisões irracionais e perdas financeiras.
Nesse meio tempo, a amígdala, responsável pela resposta de luta ou fuga, pode intensificar o medo e a ansiedade, desencadeando a venda em pânico. O anúncio da moeda concorrente MELANIA provavelmente intensificou essas reações emocionais, ressaltando como fatores externos podem impactar fortemente o comportamento dos investidores e, consequentemente, as tendências do mercado.
Considerações finais
Compreender a psicologia por trás dos ciclos de mercado pode ser muito útil, pois oferece um contexto mais claro das tendências do mercado para traders e investidores. Por exemplo, é possível identificar padrões emocionais para reconhecer períodos de grande pessimismo ou otimismo e entender como essas emoções afetam os preços de mercado.
Se familiarizar com os processos neurobiológicos que sustentam as tendências emocionais, incluindo o papel das vias dopaminérgicas, estruturas como a amígdala e a função dos neurônios-espelho, pode oferecer uma compreensão mais aprofundada da psicologia do mercado. Isso pode aumentar suas chances de evitar armadilhas psicológicas comuns como vieses cognitivos, FOMO, vendas em pânico e dissonância cognitiva.
Leituras adicionais
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