Introdução
Quando se trata de trading – tanto de ações tradicionais quanto de criptomoedas – não existe uma fórmula para o sucesso. Se existe, os grandes investidores de Wall Street garantem que a fórmula permaneça em segredo.
Neste artigo, abordaremos os princípios básicos da análise fundamental.
O que é análise fundamental?
A análise fundamental é um método usado por investidores e traders para avaliação do valor intrínseco de ativos ou negócios. Para faze avaliações precisas, eles estudam os fatores internos e externos e procuram determinar se o ativo ou negócio em questão está supervalorizado ou subvalorizado. Suas conclusões podem, então, ajudar a formular uma estratégia mais apropriada, que terá maior probabilidade de gerar bons retornos.
O objetivo deste tipo de análise é obter um preço esperado das ações e compará-lo ao preço atual. Se a estimativa de preço for maior que o preço atual, você pode considerar que as ações estão subvalorizadas. Se for inferior ao preço de mercado, você supõe que estão supervalorizadas. Com os dados de sua análise, você pode tomar decisões sobre a compra ou venda de ações daquela empresa específica.
Análise fundamental (FA) vs. análise técnica (TA)
Na verdade, talvez faça mais sentido perguntar o que cada uma delas oferece. Essencialmente, usuários de análise fundamental acreditam que o preço das ações não indica, necessariamente, o real valor da ação – uma ideologia que sustenta suas decisões de investimento.
Por outro lado, os analistas técnicos acreditam que o movimento futuro dos preços pode ser previsto, de alguma forma, a partir da ação dos preços anteriores e dos dados de volume. Eles não se preocupam em estudar fatores externos, preferindo, em vez disso, se concentrar em tabelas de preços, padrões e tendências de mercados. Seu objetivo, é identificar pontos ideais para entrada e saída de posições.
Logicamente, nenhuma das duas estratégias é necessariamente melhor, já que ambas podem fornecer informações valiosas em diferentes áreas. Alguns podem se adequar melhor a certos estilos de trading e na prática, muitos traders usam uma combinação das duas para observar o mercado, de um modo geral. Isso é válido tanto para trades de curto prazo quanto para investimentos de longo prazo.
Indicadores populares em análise fundamental
Earnings per Share (EPS) ou Lucro por Ação (LPA)
O lucro por ação é uma medida consolidada sobre a lucratividade de uma empresa, informando quanto lucro ela gera para cada ação em circulação. O LPA é calculado usando a seguinte fórmula:
(lucro líquido - dividendos de ações preferenciais) / número de ações
Suponha que uma empresa não pague dividendos e seu lucro seja de $1 milhão. Com 200.000 ações emitidas, a fórmula nos dá um LPA de $5. Não é um cálculo complexo, mas ele pode nos fornecer algumas dicas sobre possíveis investimentos. Negócios com LPA mais alto (ou crescente) são geralmente mais atraentes para os investidores.
Como acontece com todos os indicadores, o lucro por ação não deve ser a única métrica usada para avaliar um possível investimento. É uma ferramenta útil quando usada em conjunto com outras.
Price-to-Earnings (P/E) Ratio ou Índice Preço/Lucro (P/L)
O índice preço/lucro (ou relação P/L) avalia uma empresa comparando o preço da ação com seu LPA. É calculado usando a seguinte fórmula:
preço da ação / lucro por ação
Vamos reutilizar a mesma empresa do exemplo anterior, que teve um LPA de $5. Digamos que cada ação seja negociada a $10, o que nos daria uma relação P/L de 2. O que isso significa? Bem, isso depende de outros resultados da nossa pesquisa.
Muitos usam o índice preço/lucro para determinar se uma ação está supervalorizada (se o índice for mais alto) ou subvalorizada (se o índice for menor). É uma boa ideia levar o número em consideração, comparando-o com o P/L de empresas semelhantes. Vale lembrar novamente que essa regra nem sempre é verdadeira, então é melhor usá-la junto com outras técnicas de análise quantitativa e qualitativa.
Price-to-Book (P/B) Ratio ou Índice Preço/Valor Patrimonial (P/VP)
O índice preço/valor patrimonial (P/VP ou P/B, do inglês, price-to-book ratio) pode nos dizer como os investidores avaliam a empresa em relação ao seu valor patrimonial. O valor patrimonial é o valor de uma empresa conforme definido em seus relatórios financeiros (normalmente, ativos menos passivos). O cálculo é o seguinte:
preço por ação / valor patrimonial por ação
Vamos usar, mais uma vez, a empresa dos exemplos anteriores. Vamos supor que ela tenha um valor patrimonial de $500.000. Cada ação é negociada a $10, sendo um total de 200.000 ações. Nosso valor patrimonial por ação é, portanto, $500.000 dividido por 200.000, que dá $2,5.
Adicionando os números na fórmula, $10 dividido por $2,5 nos dá um valor P/VP de 4. Aparentemente, não é um valor muito bom. Ele indica que no momento, as ações estão sendo negociadas por um valor quatro vezes maior do que o valor real da empresa, no papel. Isso pode sugerir que o mercado está supervalorizando a empresa, talvez na expectativa de um grande crescimento da mesma. Se o valor do índice fosse menor que 1, ele indicaria que a empresa tem mais valor do que o mercado reconhece no momento.
Uma limitação do relação preço/valor patrimonial é que ela é mais adequada para a avaliação de negócios com “ativos pesados”. Empresas com poucos ativos físicos não serão bem representadas por esse tipo de análise.
Price/Earnings-to-Growth (PEG) Ratio ou Índice Preço/Lucro sobre Crescimento (PEG)
A relação preço/lucro sobre crescimento ou, em inglês, Price/earnings-to-growth ratio (PEG), é uma extensão da P/L. O PEG considera também as taxas de crescimento. A fórmula é a seguinte:
índice preço/lucro / taxa de crescimento dos ganhos
A taxa de crescimento dos ganhos é uma estimativa do crescimento previsto dos lucros da empresa, em um determinado período. Essa medida é expressa como uma porcentagem. Suponha que estimamos, para a empresa do nosso exemplo, um crescimento médio de 10% nos próximos cinco anos. Pegamos o valor do índice preço/lucro (2) e o dividimos por 10, obtendo um índice de 0,2.
Essa proporção sugere que investir na empresa é uma boa ideia, pois ela está subvalorizada se considerarmos a estimativa de crescimento futuro. Geralmente, qualquer empresa com uma proporção inferior a 1, está subvalorizada. Qualquer valor acima pode ser considerado um sinal de supervalorização.
O índice PEG é bem mais utilizado do que o P/L, pois ele considera uma variável de extrema importância, omitida pelo P/L.
Análise fundamental e criptomoedas
As métricas mencionadas não costumam ser aplicáveis para criptomoedas. Em vez disso, você pode observar outros fatores para avaliar a viabilidade de um projeto. Na seção a seguir, falaremos sobre alguns indicadores usados por traders de criptomoedas.
Network Value-to-Transactions (NVT) ou valor da rede por volume de transações
Geralmente considerado como o equivalente do índice P/L dos mercados de criptomoedas, o indicador NVT está rapidamente se tornando referência na análise fundamental de criptomoedas. Ele pode ser calculado da seguinte forma:
valor da rede / volume diário de transações
O NVT tenta mensurar o valor de uma rede com base no valor de transações que ela processa. Suponha que você tenha dois projetos: Moeda A e Moeda B. Ambos têm uma capitalização de mercado de $1.000.000. No entanto, a Moeda A tem um volume de transações diárias no valor de $50.000, enquanto a Moeda B’ tem um volume de $10.000.
O índice NVT para a Moeda A é 20 e o NVT para a moeda B é 100. De modo geral, ativos com índices NVT mais baixos são considerados subvalorizados. Já os índices mais altos indicam ativos supervalorizados. Considerando os dados do exemplo, eles sugerem que a Moeda A está subvalorizada em relação à Moeda B.
Endereços ativos
Breakeven/ponto de equilíbrio entre preço e mineração
preço de mercado da moeda / custo para minerar uma moeda
Por causa dos incentivos, podemos prever que, com o tempo, a proporção tenderá a 1. Para a Moeda A, os usuários que estão minerando com prejuízo provavelmente sairão da rede, a menos que o preço suba. A Moeda B tem uma recompensa atraente, então se espera que mais mineradores participem da rede, até que ela não seja mais lucrativa.
A eficácia deste indicador é muito discutida. Ainda assim, ele dá uma ideia da economia da mineração, que você pode levar em consideração ao fazer uma avaliação geral de um ativo digital.
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Prós e contras da Análise Fundamental
Prós da análise fundamental
Se feita corretamente, ela fornece uma base para identificação de ações subvalorizadas que têm uma tendência de valorização, ao longo do tempo. Investidores importantes como Warren Buffett e Benjamin Graham têm demonstrado, de forma consistente, que pesquisas minuciosas sobre negócios podem trazer resultados muito positivos.
Contras da análise fundamental
É fácil fazer uma análise fundamental. O que é difícil é fazer uma boa análise fundamental. Determinar o “valor intrínseco” de uma ação é um processo complexo que requer muito mais do que apenas inserir números em uma fórmula. Muitos fatores precisam ser avaliados e a curva de aprendizado para fazer isso com eficácia pode ser íngreme. Além disso, é um tipo de análise mais adequada para trades de longo prazo do que de curto prazo.
Esse tipo de análise também ignora alguns fatores de mercado importantes e tendências que a análise técnica é capaz de identificar. Como disse o economista John Maynard Keynes:
O mercado pode continuar irracional por mais tempo do que você pode manter sua lucratividade.
Ações que parecem subvalorizadas (por todas as métricas) não têm garantia de aumento de valor no futuro.