O Que é DeFi 2.0 e Qual a Sua Importância?
Página Inicial
Artigos
O Que é DeFi 2.0 e Qual a Sua Importância?

O Que é DeFi 2.0 e Qual a Sua Importância?

Intermediário
Publicado em Dec 13, 2021Atualizado em Sep 1, 2022
9m

TL;DR

DeFi 2.0 é um movimento de projetos que oferecem melhorias em relação aos problemas do DeFi 1.0. O objetivo do setor DeFi é oferecer serviços financeiros para usuários do mundo todo. No entanto, existem problemas conhecidos relacionados à escalabilidade, segurança, centralização, liquidez e acessibilidade de informações. O DeFi 2.0 pretende combater esses problemas e melhorar a experiência dos usuários. Se a implementação for bem sucedida, o DeFi 2.0 pode reduzir os riscos e resolver problemas que desencorajam os usuários de criptomoedas a usar os serviços relacionados do setor.

Atualmente, já temos uma grande variedade de casos de uso do DeFi 2.0 em funcionamento. Algumas plataformas permitem que você use seus tokens LP de yield farm e outros tokens LP como colateral (garantia) para empréstimos. Este mecanismo permite que ganhe um valor extra com os tokens, enquanto ainda recebe recompensas do pool.

Você também pode solicitar empréstimos auto-reembolsáveis em que sua garantia gera valor de juros para o credor. Esses juros liquidam o empréstimo sem que o mutuário faça o pagamento dos juros. Outros casos de uso incluem seguros para contratos inteligentes comprometidos e perdas impermanentes (IL).

Uma tendência crescente no setor DeFi 2.0 é a governança e a descentralização de DAOs. No entanto, governos e órgãos reguladores podem eventualmente afetar o número de projetos em atividade. Lembre-se disso ao investir, pois os serviços oferecidos podem mudar.


Introdução

Já se passaram quase dois anos desde a ascensão do setor DeFi (Finanças Descentralizadas) em 2020. Desde então, tivemos projetos DeFi incrivelmente bem-sucedidos como o UniSwap, uma plataforma descentralizada de trading e finanças, e novas maneiras de lucrar com juros no mundo cripto. Mas, como ocorreu com o desenvolvimento do Bitcoin (BTC), ainda há problemas a serem resolvidos nessa nova área. O termo DeFi 2.0 se tornou popular para descrever uma nova geração de aplicativos descentralizados DeFi (DApps).

Em dezembro de 2021, ainda não presenciamos o "boom" do setor DeFi 2.0, mas já podemos ver seu início. Neste artigo, discutiremos aspectos importantes do DeFi 2.0 e por que ele é necessário para solução de problemas no ecossistema DeFi.


O que é DeFI 2.0?

DeFi 2.0 é um movimento que busca atualizar e corrigir problemas do setor DeFi. O DeFi foi revolucionário no fornecimento de serviços financeiros descentralizados para qualquer pessoa com uma carteira cripto, mas ainda apresenta pontos fracos. O setor cripto já passou por esse processo, quando blockchains da segunda geração como a Ethereum (ETH), apresentaram melhorias em relação à tecnologia do Bitcoin. O DeFi 2.0 também precisará se adaptar aos novos regulamentos de conformidade que os governos planejam introduzir, como as verificações KYC e AML.
Vamos ver um exemplo. Os pools de liquidez (LPs) provaram ser muito eficientes no setor DeFi, pois permitem que os provedores de liquidez ganhem taxas através do staking de pares de tokens. No entanto, se a relação de preços dos tokens mudar, os provedores de liquidez correm o risco de perder dinheiro (perda impermanente). O protocolo DeFi 2.0 pode oferecer um seguro contra isso por uma pequena taxa. Esta solução oferece mais incentivos para investir em LPs e beneficia usuários, stakers e o setor DeFi como um todo.


Quais são as limitações do setor DeFi?

Antes de nos aprofundarmos nos casos de uso do DeFi 2.0, vamos analisar alguns dos problemas que ele pretende resolver. Muitos dos problemas são semelhantes aos problemas que a tecnologia blockchain e as criptomoedas geralmente enfrentam:

1. Escalabilidade: protocolos DeFi em blockchains com alto tráfego e taxas de Gas costumam oferecer serviços lentos e caros. Tarefas simples podem demorar muito e se tornar financeiramente inviáveis.
2. Oráculos e informações de terceiros: Produtos financeiros que dependem de detalhes externos precisam de oráculos de melhor qualidade (fontes de dados de terceiros).
3. Centralização: A crescente descentralização deve ser uma meta no setor DeFi. No entanto, muitos projetos ainda não adotaram os princípios de DAOs.
4. Segurança: A maioria dos usuários não faz o gerenciamento adequado ou não entende os riscos presentes no setor DeFi. Usuários somam milhões de dólares de staking em contratos inteligentes sem saber se são totalmente seguros. Embora existam auditorias de segurança em vigor, elas geralmente perdem seu valor conforme novas atualizações são implementadas em cada projeto.
5. Liquidez: Os mercados e pools de liquidez estão espalhados por diferentes blockchains e plataformas, dividindo a liquidez total. Além disso, o fornecimento de liquidez bloqueia os fundos e seu valor total. Na maioria dos casos, os tokens em staking em pools de liquidez não podem ser usados em nenhum outro lugar, gerando uma ineficiência de capital.


Por que o DeFi 2.0 é importante?

Mesmo para HODLers e usuários de criptomoedas experientes, o setor DeFi pode ser desafiador e difícil de entender. No entanto, seu objetivo é diminuir as barreiras de entrada e criar novas oportunidades de ganho para os holders de criptomoedas. É possível que um usuário que não conseguiu um empréstimo em um banco tradicional, consiga no ecossistema DeFi.

O DeFi 2.0 é importante porque tem o potencial de democratizar as finanças sem comprometer a segurança dos usuários. O DeFi 2.0 também tenta resolver os problemas observados na seção anterior, melhorando a experiência dos usuários, de modo geral. Se essas melhorias forem de fato implementadas e oferecerem incentivos melhores, todos saem ganhando.


Casos de uso do DeFi 2.0

Já temos exemplos de novos casos de uso do DeFi 2.0. Muitos projetos oferecem novos serviços DeFi em diversas redes, incluindo Ethereum, Binance Smart Chain, Solana e outras blockchains com funções de contratos inteligentes. Vamos dar uma olhada em alguns dos mais comuns:

Desbloqueio do valor de fundos em staking

Se você já fez staking de um par de tokens em um pool de liquidez, já recebeu tokens LP como recompensa. Com o DeFi 1.0, é possível fazer staking de tokens LP com yield farm para aumentar seus lucros. Antes do DeFi 2.0, isso era tudo que uma blockchain podia oferecer em termos de extração de valor. São milhões de dólares bloqueados que fornecem liquidez, mas há potencial para melhorar ainda mais a eficiência do capital.
O DeFi 2.0 vai além e usa esses tokens LP de yield farm como colateral (garantia). Isso pode servir para um empréstimo cripto de um protocolo de empréstimos ou para emissão de tokens em um processo semelhante ao do MakerDAO (DAI). Cada projeto usa um mecanismo específico, mas a ideia é que seus tokens LP devem ter seu valor desbloqueado para novas oportunidades, enquanto ainda geram renda (APY).

Seguro de contrato inteligente

O processo de "enhanced due diligence" (EDD) - em português, devida diligência aprimorada - é difícil para contratos inteligentes, a menos que você seja um desenvolvedor experiente. Sem esse conhecimento, só é possível avaliar um projeto parcialmente. Isso gera um grande risco ao investir em projetos DeFi. Com o DeFi 2.0, é possível obter seguros DeFi para contratos inteligentes específicos.

Imagine que você esteja usando um otimizador de rendimentos e tenha feito staking de tokens LP em seu contrato inteligente. Se o contrato inteligente for comprometido, você pode perder todo o seu valor de depósito. Um projeto com seguro cobra uma taxa e oferece uma garantia sobre seu depósito e yield farm. Note que isso será apenas para um contrato inteligente específico. Normalmente você não receberá um pagamento se o contrato do pool de liquidez estiver comprometido. No entanto, se o contrato do yield farm estiver comprometido, mas coberto pelo seguro, é provável que você receberá o pagamento.

Seguro de perda impermanente

Ao investir em um pool de liquidez e minerar liquidez, qualquer mudança na relação de preços dos dois tokens bloqueados pode gerar perdas financeiras. Esse processo é conhecido como perda impermanente. Novos protocolos DeFi 2.0 estão explorando métodos para mitigar esse risco.

Imagine, por exemplo, adicionar um token a um pool de liquidez (LP) unilateral, onde não é preciso adicionar um par de tokens. O protocolo então adiciona seu próprio token nativo como par. Sendo assim, você receberá taxas pagas por swaps (trocas) no respectivo par e o mesmo ocorrerá com o protocolo.

Após algum tempo, o protocolo usará suas taxas para criar um fundo de seguro e proteger seu depósito contra os efeitos da perda impermanente. Se não houver taxas suficientes para cobrir as perdas, o protocolo emite novos tokens para cobri-las. Se houver um excesso de tokens, eles são armazenados para uso posterior ou queimados para reduzir o fornecimento total.

Empréstimos auto-reembolsáveis

Normalmente, a contratação de um empréstimo envolve risco de liquidação e pagamento de juros. Mas com o DeFi 2.0, esse não é necessariamente o caso. Por exemplo, imagine que você solicite um empréstimo no valor de $100 em uma determinada criptomoeda. O credor lhe envia $100 em cripto, mas exige $50 como colateral (garantia). Após receber o seu depósito, o credor usa o valor para ganhar juros até cobrir o valor emprestado. Depois que o credor ganhar $100 e mais um valor extra (premium) com suas criptomoedas, ele devolverá o seu depósito de $50. Nesse caso, também não há risco de liquidação. Se o preço do token de garantia cair, simplesmente será necessário mais tempo para pagar o empréstimo.


Quem está no controle do DeFi 2.0?

Com todos esses recursos e casos de uso, muitos se perguntam quem os controla. Bem, sempre houve uma tendência de descentralização com a tecnologia blockchain. Com o setor DeFi não é diferente. Um dos primeiros projetos do DeFi 1.0, MakerDAO (DAI), estabeleceu um padrão para o movimento. Agora, é cada vez mais comum que os projetos concedam poder a sua comunidade. 

Muitos tokens de plataformas também atuam como tokens de governança, que oferecem a seus holders (detentores) direitos de voto. É bem possível que o DeFi 2.0 ofereça ainda mais descentralização ao setor. No entanto, o papel de conformidade e regulamentação está se tornando cada vez mais importante.


Quais são os riscos do DeFi 2.0 e como evitá-los?

O DeFi 2.0 compartilha muitos dos mesmos riscos do DeFi 1.0. Citaremos alguns dos principais e o que você pode fazer para se manter seguro.

1. Contratos inteligentes podem ter backdoors, pontos de falha ou serem hackeados. Além disso, a auditoria de um projeto nunca é garantia total de segurança. Pesquise o máximo possível sobre o projeto e entenda que investir sempre envolve riscos.
2. A regulamentação pode afetar seus investimentos. Governos e reguladores em todo o mundo estão se interessando pelo ecossistema DeFi. Embora a regulamentação e as leis ofereçam segurança e estabilidade às criptomoedas, é possível que alguns projetos tenham que alterar seus serviços à medida que novas regras são implementadas.
3. Perda impermanente. Mesmo com o seguro de perda impermanente, ainda há muitos riscos ao participar de projetos de mineração de liquidez. Não é possível mitigar esses riscos por completo.
4. Talvez seja difícil de acessar seus fundos. Se estiver fazendo staking através da interface (UI) do site de um projeto DeFi, pode ser uma boa ideia localizar o contrato inteligente usando um blockchain explorer (explorador de blockchain). Caso contrário, você não conseguirá efetuar saques se o site ficar offline. Contudo, para interagir diretamente com o contrato inteligente, é necessário algum conhecimento técnico.


Considerações finais

Embora já existam muitos projetos de sucesso no setor DeFi, ainda não vimos todo o potencial do DeFi 2.0. Esse assunto ainda é complicado para a maioria. Recomendamos que os usuários nunca usem produtos financeiros dos quais não compreendam totalmente. Ainda há muito trabalho a ser feito para a criação de um processo mais simplificado, especialmente para novos usuários. O movimento DeFi 2.0 já oferece novos métodos para redução de riscos e ganhos APY, mas ainda é cedo para afirmar se todas as promessas serão cumpridas.


Isenção de Responsabilidade: a finalidade deste artigo é exclusivamente educativa. A Binance não tem relação com os projetos mencionados. As informações fornecidas através da Binance não devem ser consideradas como aconselhamento financeiro ou recomendação de investimento. A Binance não se responsabiliza por nenhuma de suas decisões de investimento. Recomendamos que procure aconselhamento profissional antes de investir e assumir riscos financeiros.