TL;DR
Cosmos é um ecossistema de redes e ferramentas para a criação de blockchains com interoperabilidade. Seu blockchain principal, Cosmos Hub, atua como um ledger central para blockchains compatíveis, chamadas de Zones (zonas). É possível personalizar cada Zone, portanto, desenvolvedores podem criar suas próprias criptomoedas, com configurações específicas de validação de bloco e outros recursos.
As Zones são criadas usando a estrutura Cosmos SDK, que fornece os recursos necessários para desenvolver um blockchain Cosmos. A camada de consenso padrão da Cosmos SDK, Tendermint Core, oferece um mecanismo de consenso baseado em um sistema de validadores, que pode ser usado em vários blockchains Cosmos. No entanto, cada Zone pode definir como será a seleção de seus validadores.
Para a mainnet (rede principal) da Cosmos Hub, o blockchain seleciona 100 validadores do conjunto dos melhores nodes (nós) que fazem staking de ATOM, a moeda de utilidade do blockchain. O poder de voto é atribuído a cada validador com base na quantidade de ATOM em staking. Em seguida, um validador líder propõe novos blocos e é feita uma votação. Os blocos selecionados fornecem recompensas de bloco para cada validador. A recompensa é compartilhada com os usuários que fizeram staking de ATOM em nome do validador escolhido.
Além de sua utilidade no mecanismo de consenso da Cosmos Hub, o token ATOM também é usado para pagamento de taxas de transação e participação em votações relacionadas à governança. Os validadores devem participar das propostas ou podem receber penalidades.
Juntamente com a escalabilidade, a interoperabilidade sempre foi um problema no mundo do blockchain. Mais de uma década após a criação do primeiro blockchain (Bitcoin), agora temos uma variedade de opções quando se trata de redes blockchain interoperáveis. A Cosmos é talvez uma das escolhas mais populares, com seu mecanismo de consenso Tendermint e ferramentas de desenvolvedor open-source (de código aberto). Neste artigo, discutiremos por que a Cosmos continua sendo uma escolha popular e como ela permite que os blockchains funcionem de maneira integrada.
Cosmos é um projeto que se concentra na criação de uma rede de diferentes
blockchains interoperáveis. Fundada em 2014 por Ethan Buchman e Jae Kwon, a rede Cosmos consiste em uma rede principal (mainnet) blockchain
Proof of Stake e outros blockchains personalizados, conhecidos como Zones.
O blockchain principal, Cosmos Hub, transfere ativos e dados entre Zones conectadas e fornece uma camada compartilhada de segurança. Todos esses elementos trabalham de forma conjunta usando o Tendermint,
mecanismo de consenso personalizado da Cosmos, e uma interface geral de aplicativo. As taxas na Cosmos podem ser pagas usando a criptomoeda da rede, ATOM.
A rede Cosmos é dividida em três camadas:
1. Networking - Permite a comunicação entre as confirmações de transações e outras mensagens de consenso com blockchains do hub.
2. Application (aplicação) - Fornece atualizações à rede sobre o novo estado de transações e saldos.
3. Consensus (consenso) - Gerencia a maneira que os nodes (nós) concordam em adicionar novas transações.
Essas três camadas são combinadas por meio de uma coleção de ferramentas e aplicativos open-source. Por exemplo, o
Tendermint faz um pacote das camadas de rede e consenso em um mecanismo pronto para uso. Os desenvolvedores de Blockchain que usam Tendermint só precisam se concentrar na camada de aplicação. Sendo assim, economizam tempo e recursos.
A Cosmos Hub é o blockchain primário da Cosmos que conecta outros blockchains personalizados conhecidos como Zones. Ela rastreia os dados e o estado de cada Zone através do protocolo de comunicação Inter-Blockchain Communication Protocol (IBCP). Com esse protocolo, é possível transmitir informações facilmente entre qualquer Zone conectada à Cosmos Hub.
A Cosmos Hub atua como um ledger central para o ecossistema onde as Zones trocam mensagens IBC. O protocolo IBC usa dois tipos de transação:
IBCBlockCommitTx e
IBCPacketTx. O primeiro tipo, conecta o
hash do bloco mais recente, em qualquer Zone. O segundo permite que uma Zone prove que um pacote de informações é legítimo e que foi publicado por solicitação do remetente.
Vamos supor que dois DApps em duas Zones diferentes desejam se comunicar. Para isso, as mensagens IBC são enviadas à Cosmos Hub, que registra a interação. As mensagens são retransmitidas por meio da Cosmos Hub e cada Zone também registra os resultados de suas interações, em seus próprios blockchains. Há, então, evidências sobre três blockchains distintos nesta operação. Essa capacidade de interação entre blockchains deu à Cosmos o apelido de "The Internet of Blockchains" (em português, a Internet dos blockchains).
Os blockchains personalizados da Cosmos, conhecidos como Zones, são usadas para muitas aplicações diferentes. O termo Cosmos Zones é um nome alternativo para
sidechains, que você já deve conhecer por conta de projetos blockchain como o
Polygon. Cada Zone é capaz de autenticar suas próprias transações, criar tokens e implementar parâmetros personalizados de desenvolvimento. Mesmo com essas especificidades, todas as Zones podem interagir com qualquer outra Zone no sistema da Cosmos, desde que tenham permissão para isso.
Zones usam uma arquitetura Hub & Spoke onde os Hubs atuam como roteadores para diferentes Zones. O sistema da Cosmos Hub é um dos mais populares, mas existem outros. A rede é permissionless, portanto, qualquer um pode criar uma Zone ou Hub blockchain. No entanto, cada Zone ou Hub tem a opção de recusar outros blockchains que tentam estabelecer uma conexão.
Ao se conectar a um Hub, um blockchain pode se conectar a qualquer Zone integrada a ele. Hubs também podem estabelecer conexões entre si. Além disso, qualquer um pode realizar um
fork na Cosmos Hub e lançar sua própria versão, como fez a Binance Chain em 2019.
Cosmos SDK é um kit de desenvolvimento de software open-source que permite a criação de blockchains personalizados. O protocolo de consenso padrão do Cosmos SDK é o
Tendermint Core, mas há uma grande variedade de módulos integrados disponíveis. O Cosmos SDK simplifica consideravelmente o processo e oferece todos os padrões para criação de um blockchain.
Ele é altamente personalizável com plug-ins, permitindo que os usuários criem novos recursos e ferramentas específicas. Com o Cosmos SDK, é possível criar tanto blockchains Proof of Stake públicas, quanto blockchains
Proof of Authority "permissioned". A Binance Chain é apenas um exemplo de blockchain feita com o conjunto de ferramentas Cosmos SDK.
ATOM é a moeda nativa da Cosmos, que oferece três casos de uso principais:
2. O token ATOM também é usado para participação no
sistema de governança da Cosmos Hub. Quanto mais ATOM você tiver, mais poder de voto terá nas decisões da plataforma.
3. O processo de
staking da moeda, em nome de validadores, oferece recompensas pela participação no algoritmo de consenso.
Tokens ATOM foram distribuídos através de uma
Initial Coin Offering (ICO) e não tem um limite de fornecimento, o que a torna uma criptomoeda inflacionária. Isso é consequência do funcionamento do Tendermint Core, que distribui as recompensas com tokens ATOM recém-criados. A taxa de inflação é ajustada em tempo real, conforme a quantia em staking e o número de usuários (stakers).
Você pode comprar ATOM facilmente na corretora Binance. Antes de comprar ATOM, certifique-se de ter uma conta registrada na Binance e concluir as verificações
KYC e
AML. As etapas são simples:
1. Faça login em sua conta
Binance e passe o mouse sobre o menu [Trade]. Selecione o modo de visualização [Clássico] ou [Avançado].
2. Passe o mouse sobre o par de trading exibido à esquerda, pesquise o token ATOM e selecione o par de trading desejado. Em nosso exemplo, usaremos o par [ATOM/BUSD].
3. Selecione o tipo de ordem e insira o valor que deseja comprar. Em nosso exemplo, selecionamos uma
market order (ordem a mercado). Confira novamente os detalhes de sua ordem e clique em [Comprar ATOM] para enviar sua solicitação de compra.
Tendermint é um protocolo que fornece um mecanismo de consenso de blockchain (Tendermint Core) e uma ferramenta (Tendermint ABCI) que permite que aplicativos se conectem aos mecanismos de consenso do Tendermint Core. O Tendermint Core é o protocolo de consenso padrão da Cosmos que é também
Byzantine Fault Tolerant (BFT). Byzantine Fault Tolerant (BFT) é a propriedade de um sistema de computador que permite a obtenção de consenso, independentemente da ocorrência de falhas. Ou seja, haverá a confirmação de novas transações mesmo que existam participantes não cooperantes ou até mesmo mal-intencionados.
Com o Tendermint Core, os validadores executam nodes (nós) que mantêm uma cópia dos dados da blockchain. Nem todo full node (nó completo) é um validador, pois há um limite de 100 validadores na Cosmos Hub. Os validadores que confirmam as transações votam em novos blocos a serem adicionados ao blockchain.
Os validadores ganham suas posições como
nodes através do staking de ATOM. Os 100 melhores nodes, em termos de valor de staking, tornam-se validadores com poder de voto proporcional ao ATOM em staking. Os usuários também podem oferecer (delegar) seus tokens ATOM para validadores, em troca de parte da recompensa de bloco.
Esse mecanismo incentiva os validadores a agir de forma honesta, pois os usuários procuram opções mais confiáveis para oferecer staking de ATOM. Para adicionar novos blocos, um conjunto de 100 validadores chega a um consenso sobre cada bloco, por meio de votação. A votação ocorre em rodadas, com base nas propostas de um líder.
O Tendermint (BFT) provou ser popular devido às seguintes características:
1. Adequação para blockchains públicos e privados. O Tendermint (BFT) lida apenas com as camadas de consenso e de rede dos blockchains da Cosmos. Ele define como os validadores concordam com as transações e compartilham informações, mas os desenvolvedores ainda podem personalizar a camada de aplicação. Cada Zone pode decidir como serão selecionados seus validadores e se o blockchain será público ou permissioned.
2. Alta performance. O Tendermint (BFT) tem um tempo de bloco de cerca de 1 segundo e tem capacidade para processar milhares de transações por segundo.
3. Finalidade de transação imediata. As transações são confirmadas assim que um bloco é criado (desde que a maioria dos validadores da rede sejam honestos). Em comparação com os blockchains da
Ethereum (ETH) ou
Bitcoin (BTC), os usuários da Cosmos podem aceitar transações com mais segurança e rapidez, já que são necessárias menos confirmações de bloco.
4. Segurança. Se houver um fork (bifurcação) do blockchain, gerando dois históricos diferentes de transações, é fácil identificar a causa e responsabilizar os culpados.
A Cosmos foi uma das primeiras soluções disponíveis para a criação de blockchains interoperáveis e continua sendo uma opção popular. O Tendermint (BFT) e o Cosmos SDK ainda são ferramentas poderosas usadas na criação de blockchains atualmente. No entanto, desde 2017, vimos mais foco em sidechains que funcionam com blockchains de alto tráfego, como a Ethereum. Ainda não se sabe se essa tendência vai continuar. No entanto, a Cosmos tem planos de expandir seus sistemas, incluindo NFTs, colateralização DeFi e interchain staking (entre diferentes blockchains). Com isso, é possível que sua popularidade aumente ainda mais no futuro.