O que é a Teoria de Dow?
Dow nunca escreveu suas ideias como uma teoria específica e nem se referiu a elas como tal. Ainda assim, muitos aprenderam com ele através de suas publicações no Wall Street Journal. Após sua morte, outros editores, como William Hamilton, aprimoraram essas ideias e usaram seus editoriais para criar o que hoje é conhecido como a Teoria de Dow.
Este artigo apresenta uma introdução à Teoria de Dow, discutindo os diferentes estágios das tendências de mercado com base no trabalho de Dow. Como em qualquer teoria, os seguintes princípios não são infalíveis e estão abertos à interpretação.
Princípios básicos da Teoria de Dow
O mercado reflete tudo
Este princípio está estreitamente alinhado com a chamada Hipótese de Mercado Eficiente (EMH). Dow afirmava que o mercado desconta tudo, o que significa que todas as informações disponíveis já estão sendo refletidas no preço atual.
Por exemplo, se existe a expectativa de que uma empresa apresente um aumento nos lucros, o mercado refletirá isso antes que aconteça. A demanda por suas ações aumentará antes da publicação ou lançamento do relatório e, portanto, o preço poderá não mudar muito depois que o relatório positivo for finalmente publicado.
Em alguns casos, Dow observou que uma empresa pode ver o preço de suas ações cair após boas notícias, porque na realidade não eram tão boas quanto o esperado.
Tendências de mercado
Algumas pessoas dizem que o trabalho de Dow foi o que deu origem ao conceito de tendência de mercado, que agora é considerado um elemento essencial do mundo financeiro. A Teoria de Dow diz que existem três tipos principais de tendências de mercado:
- Tendência primária – Com duração que varia de meses a muitos anos, esse é o principal movimento do mercado.
- Tendência secundária – Com duração de semanas a poucos meses.
- Tendência terciária – Tende a se extinguir em menos de uma semana ou em até dez dias. Em alguns casos, podem durar apenas algumas horas ou um dia.
Ao examinar essas diferentes tendências, os investidores podem encontrar oportunidades. Embora a tendência primária seja a principal a se considerar, oportunidades favoráveis tendem a surgir quando as tendências secundárias e terciárias parecem contradizer a primária.
As três fases das tendências primárias
- Acumulação – Após o bear market (mercado em baixa) anterior, o valor dos ativos ainda está baixo, pois o sentimento do mercado é predominantemente negativo. Traders inteligentes e market makers começam a acumular durante esse período, antes que ocorra um aumento significativo no preço.
- Participação pública – O mercado geral agora percebe a oportunidade que os traders inteligentes já observaram e o público se torna cada vez mais ativo nas compras. Durante esta fase, os preços tendem a aumentar rapidamente.
- Excesso e Distribuição – Na terceira fase, o público, em geral, continua especulando, mas a tendência está chegando ao fim. Os market makers começam a distribuir seus fundos, ou seja, começam a vender para outros participantes que ainda não perceberam que a tendência está prestes a se reverter.
Em um bear market, as fases seriam inversas. A tendência começaria com a distribuição daqueles que interpretaram os sinais e em seguida, ocorreria a participação do público em geral. Na terceira fase, o público continuaria apresentando sinais de desespero, mas os investidores capazes de prever as próximas alterações, começarão a acumular novamente.
Correlação entre índices
Naquela época, o mercado de transportes (principalmente ferrovias) estava fortemente ligado à atividade industrial. Existia uma lógica para isso: para produção de mais mercadorias, primeiro foi necessário um aumento da atividade ferroviária para fornecimento das matérias-primas necessárias.
Dessa forma, havia uma clara correlação entre a indústria manufatureira e o mercado de transportes. Se um estivesse saudável, o outro provavelmente também estaria. No entanto, o princípio da correlação entre índices não se mantém tão bem hoje em dia, pois existem muitos produtos digitais que não dependem da entrega física.
O volume importa
Como muitos investidores também acreditam agora, Dow acreditava no volume como um indicador secundário crucial, o que significa que uma forte tendência deve ser acompanhada por um alto volume de trading. Quanto maior o volume, maior a probabilidade de que o movimento reflita a verdadeira tendência do mercado. Quando o volume de trading é baixo, a ação do preço pode não representar a verdadeira tendência do mercado.
Tendências são válidas até a confirmação de uma reversão
Dow acreditava que, se o mercado estiver seguindo uma tendência, ele continuará a segui-la. Por exemplo, se as ações de uma empresa começarem a subir após a divulgação de boas notícias, a valorização das ações continuará até que uma reversão seja definitivamente aparente.
Por esse motivo, Dow acreditava que as reversões deveriam ser tratadas com certa suspeita até que fossem de fato confirmadas como uma nova tendência primária. Obviamente, não é fácil distinguir entre uma tendência secundária e o início de uma nova tendência primária. Os traders geralmente se deparam com reversões enganosas que acabam sendo apenas tendências secundárias.
Considerações finais
Alguns críticos argumentam que a Teoria de Dow está desatualizada, especialmente no que diz respeito ao princípio da correlação entre índices (que afirma que um índice ou média deve dar suporte ao outro). Ainda assim, a maioria dos investidores ainda considera a Teoria de Dow relevante. Não apenas porque possibilita a identificação de oportunidades financeiras, mas também pelo conceito de tendências de mercado, que existe graças ao trabalho de Dow.