O que é o trilema das stablecoins?
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O que é o trilema das stablecoins?

O que é o trilema das stablecoins?

Intermediário
Publicado em Jun 11, 2024Atualizado em Jul 23, 2024
7m

Pontos-chave

  • O trilema das stablecoins se refere ao desafio de criar uma stablecoin que consiga equilibrar descentralização, estabilidade de preços e eficiência de capital.

  • Diferentes tipos de stablecoins, como as atreladas a moedas fiduciárias (fiat), atreladas a criptomoedas e as algorítmicas, priorizam diferentes aspectos do trilema, resultando em desequilíbrios (trade-offs) entre esses aspectos.

  • Potenciais soluções para o trilema das stablecoins incluem modelos híbridos, estratégias de gerenciamento de risco e algoritmos avançados.

Introdução

As stablecoins são criptomoedas projetadas para acompanhar o valor de um ativo subjacente, como uma moeda fiduciária. Contudo, é um desafio criar uma stablecoin que equilibre descentralização, estabilidade de preços e eficiência de capital. Neste artigo, vamos explorar o trilema das stablecoins, seus principais componentes, os diferentes tipos de stablecoins e seus trade-offs, bem como as possíveis soluções.

O que é o trilema das stablecoins e por que ele existe?

O trilema das stablecoins refere-se ao desafio de projetar stablecoins capazes de obter simultaneamente três atributos principais: descentralização, estabilidade de preços e eficiência de capital. Cada um desses aspectos é crucial para o desempenho eficaz das stablecoins, mas alcançar o nível ideal para todos os três ao mesmo tempo provou ser um desafio significativo.

O trilema das stablecoins existe porque cada um dos atributos entra em conflito com os outros. Por exemplo, a estabilidade de preços geralmente exige um forte lastro de garantia (colateral), o que pode reduzir a eficiência do capital devido à necessidade de sobrecolateralização. A eficiência de capital visa minimizar o valor necessário de garantias, mas isso pode trazer riscos à estabilidade de preços. 

Componentes do trilema das stablecoins

Descentralização

A descentralização refere-se à distribuição do controle e da tomada de decisões. Ou seja, é quando não há uma autoridade central. No contexto das stablecoins, a descentralização implica que uma stablecoin é guiada por múltiplos pontos de controle em vez de uma única autoridade central e seu valor atrelado é mantido por meio de protocolos e algoritmos. É importante notar que este seria um caso ideal de uma stablecoin descentralizada. A maioria das stablecoins ainda é gerenciada de forma parcial ou totalmente centralizada.

Estabilidade de preços

No caso das stablecoins, a estabilidade de preços significa manter um valor consistente atrelado a um ativo subjacente, como uma moeda fiduciária . Isso é essencial para o seu uso como meio de troca e uma reserva segura de valor ao longo do tempo, mesmo durante períodos de alta volatilidade do mercado. Na prática, isso permite que as pessoas usem stablecoins para transações do dia a dia, assim como usariam o dinheiro tradicional.

Por exemplo, se uma stablecoin está atrelada ao dólar americano, 1 stablecoin deve sempre valer 1 USD. Isso significa que você pode comprar uma xícara de café hoje e saber que seu preço em stablecoins será o mesmo amanhã, na próxima semana ou no próximo mês. 

Além disso, pessoas em países com alta inflação podem usar stablecoins para proteger suas economias. Por exemplo, na Argentina, a moeda local está enfrentando uma alta inflação, reduzindo seu poder de compra. Muitos recorreram às stablecoins para preservar suas economias da rápida desvalorização.

Eficiência de Capital

A eficiência de capital refere-se a quão bem uma stablecoin usa seus ativos atrelados (garantia) para manter seu valor estável. Pense nisso como o valor que a stablecoin precisa manter em reserva para garantir que cada unidade da stablecoin valha exatamente o que deveria. Quanto maior a garantia necessária para manter o valor de uma stablecoin, menos eficiente ela é em termos de capital. 

Por exemplo, uma stablecoin que exige US$ 1,50 em garantia para emitir US$ 1 em stablecoins tem menor eficiência de capital do que uma que requer apenas US$ 1,10 em garantia para a mesma emissão de US$ 1.

Um exemplo prático de uma stablecoin com baixa eficiência de capital é o DAI. Imagine que para emitir US$ 1 em DAI, pode ser necessário bloquear US$ 1,50 em Ether (ETH). Isto ajuda a manter a estabilidade do DAI, mas é ineficiente em termos de capital porque bloqueia mais valor do que a própria stablecoin representa.

Tipos de stablecoins e seus trade-offs

Stablecoins atreladas a moedas fiduciárias (Fiat-backed)

As stablecoins atreladas a moedas fiduciárias (fiat-backed) são criptomoedas garantias por reservas de moedas fiduciárias mantidas por uma entidade central. Exemplos populares de stablecoins atreladas a moedas fiduciárias incluem Tether (USDT) e USD Coin (USDC). 

Embora as stablecoins atreladas a moedas fiduciárias possam manter um preço estável e sejam eficientes em termos de capital (ou seja, usam o dinheiro de reserva de forma eficaz), elas dependem de uma estrutura centralizada. Ou seja, elas sacrificam a descentralização para oferecer estabilidade de preços e eficiência de capital.

Stablecoins algorítmicas

As stablecoins algorítmicas usam algoritmos para manter seu valor atrelado (ou seja, manter seu valor estável). Por exemplo, os algoritmos podem ajustar automaticamente o fornecimento de uma stablecoin algorítmica para ajudá-la a manter um valor fixo. Se o preço começar a subir, os algoritmos criam mais moedas para provocar uma redução do preço. Se o preço cair, eles reduzem a oferta para elevar o preço.

Stablecoins algorítmicas visam ser descentralizadas e eficientes em termos de capital, mas frequentemente enfrentam dificuldades com a estabilidade de preços. O motivo é que sua estabilidade depende muito da demanda e de algoritmos do mercado que podem falhar e perder o valor atrelado em situações de pressão.

Stablecoins atreladas a criptomoedas (Crypto-backed)

As stablecoins atreladas a criptomoedas são garantidas por outras criptomoedas. Imagine uma stablecoin que promete sempre valer US$ 1. Para garantir esse valor, você o protege bloqueando mais de US$ 1 em outra criptomoeda em um cofre digital. Por exemplo, para obter US$ 1 desta stablecoin, pode ser necessário depositar US$ 1,50 em ETH. O valor extra de US$ 0,5 atua como uma rede de segurança para absorver mudanças no valor do ETH e ajudar a manter o valor da stablecoin fixo em US$ 1. 

Stablecoins atreladas a criptomoedas são normalmente sobrecolateralizadas para mitigar a volatilidade da garantia. Embora ofereçam um grau de descentralização e estabilidade de preços, são frequentemente ineficientes em termos de capital porque precisam de valores adicionais de garantia para manter a estabilidade.

O DAI é uma das mais populares stablecoins atreladas a criptomoedas. Ele usa Ether e outras criptomoedas como garantia para manter seu valor próximo a US$ 1.

Solução do trilema das stablecoins

Não existe uma solução perfeita para o trilema das stablecoins, mas várias ideias foram propostas para resolver o problema.

Modelos híbridos

Os modelos híbridos combinam elementos de diferentes tipos de stablecoins para lidar com o trilema das stablecoins. Por exemplo, uma stablecoin pode ser parcialmente garantida (colateralizada) por ativos fiduciários e criptoativos. Isso pode aumentar a eficiência de capital, mantendo ao mesmo tempo um certo grau de descentralização e estabilidade.

Algoritmos avançados

Algoritmos avançados são projetados para melhorar a estabilidade e a resiliência das stablecoins. O objetivo é reduzir a dependência das stablecoins algorítmicas em relação ao sentimento do mercado e aumentar sua capacidade de suportar as flutuações do mercado, ajudando-as a manter a estabilidade de preços de forma eficiente. 

As stablecoins algorítmicas podem atingir altos níveis de eficiência de capital e descentralização. Se também fossem capazes de manter a estabilidade de preços de forma eficiente, potencialmente resolveriam o trilema. Na prática, no entanto, isso não é tão simples.

Seguros e gerenciamento de riscos

A incorporação de mecanismos de seguro e estratégias de gerenciamento de riscos pode fornecer uma camada adicional de segurança para as stablecoins. Isso pode envolver uma reserva de fundos para cobrir potenciais falhas de garantias ou a implementação de protocolos para gerenciar riscos de liquidez e volatilidade.

Considerações finais

O trilema das stablecoins refere-se ao desafio de equilibrar os aspectos de descentralização, estabilidade de preços e eficiência de capital de uma stablecoin. Diferentes tipos de stablecoins priorizam diferentes aspectos do trilema, resultando em vários desequilíbrios (trade-offs). Potenciais soluções incluem modelos híbridos, algoritmos avançados e estratégias de gerenciamento de risco.

Leituras adicionais

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